quinta-feira, 17 de março de 2011

Dias, meses, anos - Parte 2

É, eu ainda consigo contar os dias. Minha memória sempre me avacalha, mas quando o assunto é você ela insiste em funcionar perfeitamente. E todos esses dias, meses, anos, todos eu perdi tentando ser um cara bacana o suficiente para estar ao seu lado. Em tudo o que aconteceu na minha vida desde aquele dia tem uma pontinha de vontade de te surpreender. De te mostrar que eu consegui.

Agora eu consigo perceber o quão idiota eu fui, e por quanto tempo. Eu fui só mais um pra você, alguém que talvez você nem inclua na sua lista. E a culpa é minha, porque fui eu que te fiz semideus. Fui eu que te coloquei num altar e resolvi te adorar acima de todos os outros. E fui eu que não consegui dar valor a alguém que realmente gostou de mim, porque não era você. Porque não me desprezava como você o fez. A culpa é minha, e não sua. De não conseguir me relacionar com ninguém sem ter a sombra do seu fantasma. Quando tudo está bem, em paz, quando eu penso que finalmente esqueci e que tudo vai dar certo, você aparece como se para jogar na minha cara que eu não mereço ser feliz por completo.

Agora, longe de você, eu consigo pensar com clareza em o quanto você me é nocivo, e o quanto eu te quero longe da minha vida. Você é minha obsessão, é o meu eu perfeito, é o que eu quero mas não posso ter. Nunca poderei. E eu te valorizo demais, quando em troca você sequer se lembra que eu existo. Eu não faço parte do seu mundo, nunca fiz. Entrei nele por acidente, e quando você percebeu, tratou de arrumar a casa e me colocar no meu devido lugar. E já se foi tanto tempo. Aqui estou eu, mais uma vez. Desperdiçando linhas por você. Porque por você, tudo é desperdício. Você não vale a pena. Mas pena que me custou tanto tempo para perceber.

Tive uma vida sensacional, não posso negar. Tenho uma vida sensacional. E se tivesse que te agradecer um dia, talvez te agradeceria por me ajudar a ser quem eu sou. Mas acho que nem isso você merece. Nem mesmo desprezo eu te daria, porque seria muito para alguém a quem eu sou tão pouco. Porque todo mundo sabe, todo mundo sempre me disse. Mas eu sou burro, e um tanto esperançoso. Fraco, diriam outros. Idiota. E se eu ainda conto os dias, é porque eu ainda preciso pagar pelo meu erro. É porque ainda não fui capaz de aprender. Mas está chegando ao fim.

Eu precisei viajar meio mundo pra perceber o que era óbvio, o que estava diante dos meus olhos por tantas vezes, por tantos anos. Eu fechava os olhos, fazia vista grossa, olhava para o outro lado. Agora eu resolvi enxergar. É difícil, beira o impossível. Estou viciado em você. Em te colocar a culpa por tudo. Em acreditar que um dia vai dar certo com você, quando tudo parece dar errado. Estou viciado em te querer. Mas você é efémero, você nunca está aqui de verdade. Você só existe na minha cabeça. E eu preciso te matar em mim. Para que eu consiga viver.

Agora começo novamente a contar. Só que daqui em diante, conto os dias sem você.

2 comentários:

  1. nossa, como isso te faz mal amigo...
    precisa mesmo cortar isso de vc

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  2. Oi Bê! Esta é minha última visita ao seu Blog! Irei sentir saudades dos seus textos bem escritos e de dar meus palpites. Gostaria de registrar aqui algo em que acredito: Não existe amor mais puro e verdadeiro do que o amor platônico!
    Talvez os filósofos não concordem comigo, mas que se danem os filósofos! Um grande abraço!

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