segunda-feira, 25 de abril de 2011

O fundo do U

Ontem eu cheguei ao fundo do poço. Acho que foi o pior dia, desde que cheguei em Berlin. Juntou um tanto de coisa, um tanto de coisa que me derrubou. A solidão, que foi atenuada por um feriadão que me me entediou profundamente. Solidão de estar sozinho, em um lugar onde eu ainda não tenho amigos de verdade (isso leva tempo, tempo normal). De estar em um lugar onde eu não falo a língua, não tenho o que fazer, não tenho pra onde ir. Em BH eu pelo menos tinha Michele ao meu lado, e não importa o quão só eu estivesse, ela sempre estava lá ao meu lado, demonstrando seu amor incondicional. Aqui não tenho nada, nem ninguém. Só tenho a mim mesmo. E de vez em quando eu me canso de mim, das minhas músicas, da minha comida, das minhas ideias, dos meus sonhos.
Nos últimos dias conheci um cara, um cara que virou meu mundo de cabeça pra baixo. Alguém que pela primeira vez em muito tempo foi legal comigo, demonstrou afeto, carinho, interesse. Alguém em que eu depositei todos os meus medos e minhas esperanças. E ontem eu experimentei a sensação de não mais tê-lo, e isso me doeu até o ossos. Quando finalmente eu havia pensado que tudo tinha se resolvido, que eu tinha encontrado o meu porto seguro, foi aí que veio a vida e me passou uma rasteira. Eu meio que já esperava que isso acontecesse, acho que com o passar do anos me acostumei a perder as pessoas que eu realmente quero ao meu lado. Não sei se o perdi de verdade, ou se ainda tem muito a acontecer. Só sei que ontem eu senti que o tinha perdido pra sempre. E isso me machucou ainda mais.
Só que agora eu não tenho pra onde correr. Tenho amigos pra me confortar no skype ou no chat do facebook/gmail, mas não tenho quem me dar um abraço apertado e me fazer acreditar que tudo vai ficar bem. Tenho que lidar com minha solidão e minhas desilusões sozinho. E estou sim um pouco desiludido. Desiludido com o meu sonho de vir pra Berlin. A cidade é espetacular, a experiência tem sido fantástica. Mas tem sido muito mais difícil que eu imaginava. Eu imagino que isso seja normal, afinal os sonhos só mostram o lado bom. Senão seriam pesadelos. E eu sonhei com um mundo perfeito, e mundos perfeitos só existem mesmo nos sonhos. E a realidade é outra história.
Mas eu não vou desistir, não vou entregar os pontos e voltar atrás. Eu sei que todos me receberiam de braços abertos, mas eu sempre me olharia no espelho e me acharia um idiota. Tenho muito orgulho pra desistir. Tenho muito orgulho pra voltar atrás. E sabe, no fim vai dar tudo certo. Eu tenho certeza que vai. Porque o bom de estar no fundo do poço é saber que não tem mais como ficar pior. Cheguei ao meu pior estágio, e daqui pra frente acredito que tudo tende a melhorar. Eu acredito, e isso é o mais importante. Em todos os momentos em que eu fiquei triste e deprimido, eu nunca parei de acreditar. É a minha vida, é o meu futuro, e só eu posso fazer isso acontecer. Os momentos difíceis servem principalmente pra nos fazer mudar, melhorar, aprender. E eu quero muito melhorar! Já tenho a garra e agora vou buscar a força. E se eu me dedicar a isso, não tem o que dar errado.
Estou no fundo do U, e daqui pra frente a tendência é subir novamente. Aguardem notícias.