segunda-feira, 30 de maio de 2011

O topo do meu Everest

Uma das coisas que acho mais interessante entre nós, humanos, é a nossa capacidade de sonhar. Não me refiro aqui a sonhar durante o sono, mas a sonhar acordado. Almejar. Querer sempre alcançar coisas diferentes e, na maioria das vezes, maiores. Isso pode ser extremamente benéfico ou perigosamente maléfico. Eu explico.
Alguém que vive sonhando acordado acaba perdendo a vida, o momento. Tem sua cabeça tão entretida e preocupada com o que há de vir, que acaba não aproveitando o caminho. E isso, além de ser triste, é muito perigoso. A pessoa pode cair numa realidade paralela, numa vida de fantasia, não sabendo mais distinguir o que é verdadeiro do que é inventando. E talvez a pior consequência que isso pode trazer é o fato de essa pessoa começar a se decepcionar com tudo o que é real. Been there, did that.
Nos últimos meses, tenho vivido de sonhos. Sonhos sobre tudo. A mudança para outro país, o aprendizado de uma nova língua, uma nova cultura e um novo modo de vida, o parceiro ideal, o trabalho dos sonhos... Grandes expectativas levam a grandes decepções. Mas não adianta dizer isso aqui, você só aprende vivendo. Quantas vezes ouvi as pessoas que eu amo me alertando para os perigos de se sonhar demais, e ainda assim eu o fiz. E a realidade foi normal demais para mim. Cheguei a beira do precipício da depressão, e essa talvez é a causa principal. Mas não caí.
Puxando a sardinha pro meu lado, eu gosto de me definir como uma fênix. Pode ser brega, mas eu sempre consigo me erguer quando chego ao fundo do poço. Agora é mais um exemplo claro disso.
Berlin não foi tudo aquilo que eu esperava, mas isso já era de se esperar. E eu sinto saudade de muita gente, de muitos momentos, tudo o que eu deixei para trás. E fui eu que escolhi fazer isso. Tenho que arcar com minhas consequências. Mas, por outro lado, Berlin é sensacional. É tudo o que eu sempre quis, e cada dia eu tenho mais certeza que tomei a decisão certa. Algumas vezes me pego pensando se não deveria ter vindo antes. Mas a resposta a essa questão é e sempre será impossível. E, apesar de as vezes não demonstrar, eu estou muito feliz agora. Estou vivendo o meu sonho, estou onde eu devo estar, no momento que eu devo estar.
Sonhar pode ser incrivelmente delicioso, se feito sob moderação. Um homem saudável nunca está perfeitamente satisfeito com sua vida. Ele sempre quer mais, ele sempre procura mais. E é esse ideal da procura que nos leva adiante, que nos faz viver a cada dia. Eu também tenho os meus sonhos, e devagarzinho estou aprendendo a colocá-los no lugar certo, o lugar que eles devem ocupar na minha vida.
Há alguns meses atrás eu vegetava no sonho de viver em Berlin, e agora estou dentro desse sonho. Agora, aqui vivendo, eu começo a construir outros sonhos. Sonhos mais altos, mais ambiciosos. Berlin já não me é mais suficiente, mas de uma forma positiva. Amo isso aqui, mas quero mais da vida. Tudo o que eu sonhei e planejei está dando certo, talvez não tão rápido como eu esperava, mas a minha ansiedade é também algo que eu estou aprendendo a lidar com. Agora, eu vivo Berlin. Minha cabeça, meu coração, minha vida estão aqui. Mas eu quero mais.
E para conquistar o que eu quero, não adianta sentar e pensar em como vai ser bom. Tem que trabalhar pra isso, tem que fazer acontecer. E eu resolvi me movimentar, eu resolvi fazer minha vida seguir o rumo que eu quero. Afinal, ninguém tem mais controle de mim mesmo que eu. E se eu deixar que alguém o tenha, estou cometendo um erro. Um erro fatal.
Imagino a sensação de chegar ao topo do Everest. Acredito ser uma euforia inicial, que pode durar algumas horas ou até mesmo dias, seguida então por uma profunda depressão. E agora, o que eu vou escalar? Pra onde mais vou subir? Uma vez pensei que Berlin seria meu Everest, mas aqui estando percebi o quanto estou errado. Ainda tenho muitas montanhas a escalar, muito a conquistar nessa vida. Sem negar ou minimizar meu passado, estou apenas começando. E tudo o que eu já fiz e já conquistei vai me servir de base. E eu vou conseguir, sabe porque? Porque eu sempre consigo tudo o que eu quero. Pode demorar, pode vir torto, pode não ser perfeito. Mas eu consigo. E, mais uma vez, eu vou conseguir.
Pode apostar.

Um comentário:

  1. a capacidade de sonhar é realmente um dom, infelizmente tb é um dom q podemos perder

    ResponderExcluir